Como criar contos de fadas

(sob licença Adobe Stock)

Depois de ler nosso post sobre conceito e origem dos contos de fadas, você está encantado por esse universo e quer muito escrever seu primeiro conto. Mas como fazer? 

A criação de contos de fadas é uma arte literária como outra qualquer, mas esse subgênero dos contos tem alguns pontos específicos que precisam ser observados na hora de escrevê-los. 

Para sua sorte, a gente te dá aqui um pequeno manual para você começar essa aventura. Conheça agora quais os elementos básicos dos contos de fadas, sua estrutura e estratégias para te inspirar a escrevê-los. Vem com a gente!

Elementos básicos do conto de fadas

1. Herói ou heroína
   

   Como toda boa história, o conto de fadas não foge à fórmula da Jornada do Herói (ou Heroína): uma trajetória vivida pela personagem principal que vai fazer com que ela passe por situações inesperadas até chegar a um aprendizado final.
   
   Essa teoria foi criada por um dos maiores estudiosos dos mitos formadores da civilização ocidental, o professor e mitologista Joseph Campbell, autor de um dos maiores livros sobre o assunto, O Poder do Mito.
   
   Portanto, para escrever um conto de fadas, o primeiro elemento a ser criado é seu herói ou sua heroína. Se tiver dúvidas sobre como construir uma personagem cativante, é só ler nosso texto sobre como criar personagens.

2. Enredo
   

   Seu herói vai passar por poucas e boas até chegar ao final (nem sempre) feliz. A essas peripécias e aventuras chamamos de enredo, ou a sucessão de fatos que levam a personagem de um certo estado na vida para outro.
   
   Um enredo tem sempre que responder as perguntas “onde, quando, como e por que”, ou seja, acontece em um lugar, num certo período de tempo, de uma certa forma e por alguma razão.

3. Narrador
   

   Todo texto literário tem uma “voz” que o narra. É o narrador, que pode “falar” em primeira pessoa (quando a voz que enuncia a história é de uma personagem que faz parte da trama) ou terceira pessoa (quando ele sabe tudo que acontece, mesmo os pensamentos das personagens, e não está integrado ao enredo).

Já lemos neste blog sobre a Jornada do Herói na criação de roteiros, de textos literários e afins. Então nos contos de fadas é tudo igual?

Não. A estrutura dos contos de fadas tem pontos específicos que precisam ser levados em conta, e é o que veremos a seguir.

Estrutura dos contos de fadas

Como texto literário, o conto de fadas tem uma estrutura particular, que difere das outras narrativas. Um dos maiores estudiosos sobre o tema, o estudioso russo Vladimir Propp, elaborou um esquema cujas linhas gerais determinam seis momentos do conto mágico. Vamos a eles.

• Divisão do conto de fadas

1. situação inicial - o começo da narrativa
2. interdição - a dificuldade ou o dano sofridos pelo herói
3. lamento - um pedido de ajuda, que pode ser mágica ou não
4. desenvolvimento da ajuda
5. resolução do problema
6. final

• Tempo e espaço indefinidos
  

  Se em geral as narrativas literárias têm um tempo e um espaço definidos ( o “quando” e o “onde” do enredo),  os contos de fadas se passam em tempo e espaço indefinidos. É o famoso “Era uma vez, num reino muito distante…”.
  
  Isso se tornou uma convenção como forma de ampliar o alcance moral da narrativa de magia para além de um tempo e lugar específicos, atingindo um maior número de pessoas em todos os tempos e contextos possíveis.

• “E viveram felizes para sempre”
  

  Outra característica própria das histórias de fadas é o final feliz, trazendo um casamento ou o enriquecimento da personagem principal.
  
  Existem contos que vão na contramão, como uma das versões mais antigas de João e Maria, em que as crianças acabam sendo comidas pela bruxa má. Mas são exceções que confirmam a regra do “E viveram felizes para sempre”.

Escrevendo seu conto

Conhecendo os elementos e as particularidades da estrutura dos contos de fadas, você pode começar a escrever sua própria história de magia. 

Está sem inspiração? Um bom exercício para principiantes é desenvolver um conto de fadas abordando um problema social da atualidade. Como falar das pessoas que vivem em situação de extrema pobreza pela ótica dessas narrativas fantásticas, por exemplo?

Se sua história tiver uma situação inicial, uma dificuldade ou o dano sofrido pelo herói, o pedido de ajuda (que pode vir da maneira mais mágica que você quiser), o desenvolvimento dessa ajuda, a resolução do problema e o final feliz (ou não, você escolhe), você acaba de construir um conto de fadas atual e pronto para cativar os leitores. Tente já!