Alguns princípios úteis para escrever um livro infantojuvenil
(crédito: Lemmo Lemmi/ domínio público/ Wikimedia Commons)
Apesar de também ser literatura, escrever livro para o público infantojuvenil requer uma abordagem especial. Como as crianças e adolescentes são pessoas em formação, é preciso levar em conta algumas características particulares de seus universos.
Ao mesmo tempo, não se pode descuidar de uma construção de texto bem feita, mesmo que adaptada para mentes em desenvolvimento. Quer alguns princípios para chegar aos corações da meninada leitora, partindo de sua própria perspectiva? Continue lendo este texto!
Quem é o público infantojuvenil?
Falar de público infantojuvenil é abordar uma turma cuja faixa etária é ampla: vão dos 4 aos 18 anos. Ou seja, são pessoas em formação, todas em fase escolar ou, no máximo, migrando para o ensino superior.
Subdividem-se em crianças (4 a 12 anos) e adolescentes (12 a 18 anos). Quase sem exceção, moram com os pais ou parentes mais próximos. São esses adultos que compram os livros lidos pela garotada.
Até os 4 anos, é mais comum que os pais leiam para os filhos, ainda não alfabetizados. A partir de 5 ou 6 anos, as crianças já começam a ler por conta própria, mesmo que livros com figuras grandes. A partir de cerca de 8 anos as crianças têm uma formação psíquica completa.
A partir dos 12-13 anos, as crianças passam a desenvolver o pensamento ético autônomo e os hormônios entram em ebulição. Nessa etapa, histórias de aventura e romance são muito populares entre os leitores jovens.
A importância da literatura para crianças e adolescentes
Cada faixa etária do período de formação humana tem características cognitivas próprias. A literatura é uma grande aliada nesse processo.
Para as crianças de até 4 anos, que ainda não lêem, ouvir histórias é uma forma de aprender a linguagem e a fala. A partir da alfabetização, dos 5 aos 7 anos, a leitura se torna um poderoso instrumento pedagógico. É por meio dela que as crianças vão fixar a forma escrita e o alfabeto.
Entre 8 e 12 anos, as crianças têm sua capacidade lúdica aguçada. Por isso os livros são companheiros de brincadeiras e ajudam a formar a capacidade de abstração.
Na adolescência, os livros trazem lições importantes para a vida adulta e apresentam aos jovens dilemas e situações que eles podem enfrentar e não sabem ainda como lidar.
Em todas as idades, portanto, os livros trazem noções da língua falada e escrita, aguçam o raciocínio e passam noções éticas, históricas e sociais. Ainda por cima, são muito divertidos e emocionantes!
Alguns princípios úteis para escrever livro infantojuvenil
Idade?
Há quem use a divisão de faixas etárias para pensar no leitor mirim. Outras tendências buscam abranger mais características de seu público na hora de escrever. Questões regionais, educacionais e sociais mudam o contato que as crianças têm com a literatura.
É preciso ter uma adequação no tipo de linguagem que se vai usar dependendo da idade do leitor que se espera alcançar, mas ao mesmo tempo é interessante considerar que uma criança urbana tem uma experiência de mundo diferente de uma criança do campo, por exemplo. Isso influencia a forma como cada uma vai fruir a história.
Para adultos também
Professores, orientadores pedagógicos, pais e mães são seus primeiros leitores, antes mesmo das crianças e adolescentes. Eles compram ou indicam os livros que a garotada vai ler.
Ou seja, atrair os adultos com uma boa história infantojuvenil ajuda seu livro a ser mais acessado também pelo público mirim. Uma história bem contada não tem idade. Quem aí já leu “Harry Potter” ou as histórias de Monteiro Lobato? E os contos de fadas, transmitidos de geração para geração, de pais para filhos?
Relembrando sua infância
Quais temas te conquistavam quando criança? Quais histórias chamavam sua atenção? Essas perguntas são um bom ponto de partida para você imaginar narrativas envolventes para a meninada. Partindo do seu universo interior, de sua forma de contar histórias e daquilo que te cativava na infância e adolescência, você tem um bom material para começar a trabalhar.
A inteligência do leitor
Respeite a inteligência do leitor mirim. As crianças também têm senso de verossimilhança, são curiosas e adoram perguntar o porquê das coisas. Se você criar tramas fracas e soluções bobas, elas vão passar longe do seu texto. Surpresa, diversão e encantamento é o que elas esperam de um bom livro. Como qualquer bom leitor!
Agora que você já tem algumas noções úteis, se jogue nessa aventura literária! Desperte a criança ou o adolescente que existe em você e deixe sua cabeça voar. Se a literatura infantojuvenil tem um papel fundamental na educação, escrevê-la é a sua chance de contribuir para formar gente mais bacana - e um mundo melhor.